São agora, 22h: 05 nada de um ônibus que me caiba. Muitas coisas me vem à cabeça e uma delas é a vontade de correr até o estacionamento e pedir uma carona à professora que não liberou ninguém antes das dez da noite. Talvez, utilizando de toda educação, ela diria que isso não é problema dela, quem mandou estudar a noite, ou seja, o problema e seu, resolva-o.
Voltando à parada, continuo a espera do veículo para me locomover até a minha casa. Ao lado de uma colega, que mora bem mais longe que eu, o problema agora seria outro, a cada minuto que passava, mais alunos encontravam uma porta aberta de ônibus que os caiba.
Meu medo de chegar meia-noite em casa se acaba às 22h: 17. Finalmente um ônibus que me caiba: Parangaba/João Pessoa. Tchau para quem fica, boa sorte amiga, até amanhã!
Na porta do ônibus que me coube, com minha mochila pesadíssima, muitos vão subindo. A felicidade deles de irem para casa está contagiando o local. Quanto a mim só me restava ler a placa: “ENTRADA, não pare nos degraus, porta automática” para me distrair um pouco, esvaziar a mente; porque às vezes a felicidade alheia incomoda, ainda mais quando você esperava já estar em casa e não a caminho dela. Pior é ver um tanto de gente conversando é não ter ninguém para conversar contigo.
Depois desse momento de filosofia no “busão”, chego ao terminal, agora já era 22h: 30. Corro e infelizmente tenho que entrar em outro coletivo, que me caiba ou que não me caiba, afinal já era 22h:30 e não fazia ideia de que horas viria o próximo ônibus que me caberia.
Esperando que mais nenhum novo problema me surja, com minha mochila nada leve em minha cabeça, torço para o motorista ser daqueles bem imprudentes que conseguem tirar 100km/h numa pequena rua. Queria chegar bem depressa onde desejava descer, porém um ato de gentileza surpreende meu final de noite nada alegre.
- Moço, posso segurar sua mochila?
- Obrigado!
Às 22h: 43, depois de descobrir que a gentileza de fato não morreu, só não dá as caras como deveria ser; janto então uma deliciosa refeição, pego as últimas cenas do episódio do dia da novela “Babilônia”, vejo a brilhante atuação de Glória Pires no papel de Ana Beatriz; tomo finalmente meu banho e quem pensa que finalmente vou dormir se engana, escrevo um texto na esperança de ser uma crônica, mesmo que mediana para um trabalho de português da faculdade, às 01h: 20 vou dormir.
Então percebo que amanhã, será apenas um dia normal numa manhã qualquer, onde preciso tomar minhas decisões e apenas viver, ver os problemas como portas que um dia a gente tranca porque os resolveu, mas essas portas sempre voltam a se abrir. Isso não é macumba, não é feitiçaria, é apenas a vida mandando um lembrete para você viver, mesmo resolvendo um “abacaxi” diário.
Se ficarmos só esperando que os outros resolvam os nossos problemas, presumo que eles nunca irão se acabar e de fato nunca acabam, afinal a chave para solução de todos, ou quase todos os seus problemas, e para sua felicidade também, é apenas você mesmo.
19 de maio de 2015.
MARCOS MENEZES.
Paulista, morando em Fortaleza, Ator e estudante de jornalismo FaC/UFC, jovem de 21 anos. O menino dos três emes, leonino, cronista, blogueiro, fã de cinema, fotografia, arte e literatura.
oi
ResponderExcluirShow. Todos nós esperamos um ônibus.
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