Por que irei tratar deste assunto? Não sei se o leitor percebeu na semana passada, mas os três times da capital cearense – Ceará, Ferroviário e Fortaleza – tiveram como mesmo fio condutor a demissão dos seus respectivos técnicos. Não falarei do caso do treinador do Ferroviário, Marcelo Villar, em virtude do mesmo ter sido contratado por um time do Maranhão. Tratarei, especificamente, dos casos do Ceará e do Fortaleza.
Pelo fato dos dois times terem sido desclassificados precocemente na Copa do Brasil gerou uma insatisfação de ambas as torcidas e dos dirigentes. Mas analisando friamente o caso foi apenas tal justificativa que gerou as demissões de Gilmar Dal Pozzo e Hermeson Maria? Tanto Ceará como Fortaleza são reféns dos seguintes aspectos: resultados positivos e títulos.
O primeiro deseja chegar na série A. Já o segundo, por sua vez, deseja sair da incomoda série C.
Gilmar Dal Pozzo deixou o Ceará com um índice de 62% de aproveitamento. Foram 5 vitórias, 2 empates e 2 derrotas. Já Hermeson Maria teve um aproveitamento abaixo da crítica: 5 vitórias, 6 empates e 2 derrotas, ou seja, um resultado próximo de 40%. Independente dos números o futebol cearense merece respeito com o seu torcedor. Treinador x ou y não é culpado se determinado jogador não tem o mesmo desempenho constante nas partidas.
Técnico de futebol não tem culpa se seu time joga, ataca o adversário mas a bola não entra pelo fato do acaso na partida. Presidentes de clube, dirigentes são os verdadeiros culpados pelo “entra e sai” de técnico.
O futebol precisa ter continuidade, andamento de trabalho. Demitir treinador por um resultado adverso ou mesmo por um “capricho” do futebol é desestimular a torcida de continuar apoiando o seu time ou de acompanhar o futebol, de modo geral. Muitos times não conseguem os resultados esperados e acabam implodindo financeiramente e politicamente falando.
Aliás, o futebol tornou-se um negócio altamente lucrativo. Lucrativo para as TVs, bem lucrativo para os patrocinadores e, em especial, para um grupo seleto de clubes mundiais. Isso sem falar dos produtos a serem vendidos todos os dias que o futebol traz consigo. Será que com esse mercado da bola não dá para exigir jogos de qualidade ou times que realmente se interessem em jogar partidas excelentes?
Demitir técnicos de futebol a cada resultado adverso não há continuidade do trabalho, ou seja, um padrão técnico de qualidade no time. Enquanto se paga salários milionários, fora dos padrões do mercado de trabalho os jogos se tornam cada vez piores. Será que realmente é tudo culpa do técnico?
JOSÉ ALDO CAMURÇA.
Doutorando em Filosofia pela UFC. Professor Substituto da UECE. Professor Efetivo da Rede Estadual de Ensino do Ceará.
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